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Relacionamento com a chefia

Dificuldades na relação com a chefia

Atendimento a uma profissional que ocupava uma das diretorias de uma grande organização, ela estava muito preocupada. Na época, ela tinha certeza que seria dispensada da empresa. Esta executiva, tecnicamente, era muito bem desenvolvida. O problema em questão era o relacionamento que ela mantinha com seu chefe. Ela não compreendia o motivo que levava seu chefe a não concordar com praticamente nenhuma de suas posições. Em seu cotidiano, esta executiva costumava se reportar a duas pessoas: seu chefe e um profissional de alto escalão, que atuava na matriz da companhia, no exterior.

 

Em seu cotidiano, esta executiva costumava se reportar a duas pessoas: seu chefe e um profissional de alto escalão, que atuava na matriz da companhia, no exterior. Este seu “segundo chefe”, lhe concedia constantes elogios por sua competência técnica. Em seu cotidiano, esta executiva costumava se reportar a duas pessoas: seu chefe e um profissional de alto escalão, que atuava na matriz da companhia, no exterior. Este seu “segundo chefe”, lhe concedia constantes elogios por sua competência técnica. Quando ela se queixava de seu chefe brasileiro este executivo do exterior sempre a apoiava em seus posicionamentos. Seu receio de ser demitida teve origem quando ela obteve pontuação bem abaixo da média na ocasião em que seu superior a avaliou, através do Programa Formal de Avaliação de Desempenho da companhia.

O conceito obtido nesse programa foi também bastante inferior ao que havia conseguido nos anos anteriores. Obteve, nessa avaliação, resultado insatisfatório. Esta constatação poderia ser considerada um downgrade, pois denegria, mesmo, sua imagem. Ela, ainda, se queixava que sua relação com seu chefe tinha se tornado insuportável, dizia que seu chefe não simpatizava mesmo com ela. Nas reuniões que tinha com seus pares passava sempre por algum tipo de constrangimento devido à forma como sua chefia lhe tratava e se referia a ela. Nada que era argumentado por ela, o chefe concordava. Essa queda de qualidade no desempenho, na realidade, não havia ocorrido com toda aquela proporção mencionada na sua última avaliação, porque esta profissional era excelente tecnicamente falando.

É claro que algo na sua performance estava deixando a desejar, pois com essa dificuldade de relacionamento suas competências não estavam otimizadas para o trabalho, sua energia muitas vezes estava posicionada para se esquivar dos “ataques” de seu chefe. Esta situação se agravou a tal ponto que ela passou a ter insônia constantemente, o que também abalou sua disposição para administrar seu cotidiano de trabalho durante o dia.

 

Antes de investirmos na busca de um novo emprego, resolvemos detectar o que estava acontecendo, de fato, na relação entre ela e seu chefe. Esta providência poderia resolver ou amenizar as dificuldades no relacionamento com sua chefia, pois mesmo pensando em ir embora da empresa era imprescindível sair deixando uma imagem mais positiva. Caso não alcançasse o objetivo de resolução isto lhe serviria de aprendizado, se trocasse de emprego. Após algumas análises minuciosas que fizemos, utilizando inclusive o psicodrama, para compreender melhor o que poderia estar causando essa postura de sua chefia chegamos a conclusão que havia falta de confiança naquela relação. O chefe não confiava nela, apesar de todas as suas virtudes profissionais. Identificamos que isso acontecia por causa do relacionamento que ela estabelecia com o alto executivo do exterior. Como esta relação era muito agradável para ambas as partes, ao contrário do que ocorria no dia a dia com seu chefe, ela costumava atender todas as suas solicitações. Passava, inclusive, informações sem consultar seu chefe. Alguns desses dados daqui eram estratégicos para a unidade brasileira. Como seu chefe não falava sobre o que estava acontecendo, preferindo adotar postura de desconfiança, a relação de ambos foi piorando a cada dia. Naquela altura, num exercício psicodramático recebeu a seguinte questão para responder: “O que você espera essencialmente da postura de um colaborador no relacionamento com você como chefe dele?” Ela respondeu mencionando algumas características. A partir destas fui lhe fazendo mais perguntas para refletir se cada um desses aspectos que compunham suas expectativas ela achava que estava atendendo na relação com seu chefe, até que chegou num deles que lhe deu um insight: A confiança. Nesse momento deixou de ser vítima do seu chefe e passou a analisar os fatos com maior consciência para identificar onde estava a sua complementaridade nesse conflito. Fizemos alguns exercícios para trabalhar a empatia, de forma que ela se colocasse no lugar de seu chefe, suspendendo qualquer forma de julgamento.

 

Ela então decidiu, que a partir daquele momento, iria adotar nova forma de relacionamento com seu chefe e com o executivo da matriz, passando a transmitir informações ao exterior somente após conversar com seu superior aqui no Brasil. Em dois meses a relação entre eles se transformou radicalmente. “Depois disso, meu chefe começou a me ouvir”, ela me relatou na época. Contou também que assim que mudou sua postura do outro lado, a matriz parou de lhe solicitar as tais informações. Focou estas demandas ao seu chefe. A iniciativa não procurava burocratizar o fluxo de informações entre a matriz e a unidade brasileira, a ideia era apenas de ela não “passar por cima” de seu superior, o que ocorria anteriormente sem a intenção de fazê-­‐lo.

 

A partir desse novo momento esta executiva desistiu de mudar de emprego. Optou por investir no incremento de seu trabalho e de seu relacionamento com a chefia. Com essa reviravolta, houve um upgrade em seu papel e ela passou a fazer a gestão também de outras áreas da empresa que tinham interface com a sua, por justamente, ter conquistado a confiança de seu chefe. Me disse certo dia que agora se sentia em paz, com tranquilidade, e que seus problemas de insônia tinham se acabado, tinha voltado a dormir tranquilamente.  

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